domingo, 12 de outubro de 2008

CARTOLA

Era uma vez um menino pobre que nasceu no bairro do Catete, na cidade do Rio de Janeiro, em 11 de outubro de 1908. Seu nome era Agenor de Oliveira , o quarto filho dos sete que Sebastião Joaquim de Oliveira e Aída Gomes de Oliveira tiveram. Desde cedo revelou seu fascínio pelo carnaval, participando de desfiles em blocos carnavalescos, já aos 8 anos de idade. Com a dificuldade para sustentar seus 7 filhos, os pais de Agenor foram morar numa casa modesta no morro da Mangueira que, na ocasião, era uma pequena favela. Na juventude trabalhou como pedreiro e ganhou o apelido de "Cartola", por usar um chapéu coco para não sujar os cabelos de cimento. Perdeu sua mãe muito cedo e por divergências com o pai, muito severo, saiu de casa aos 17 anos, passando a levar uma vida de boemia. Adoeceu e esteve à beira da morte, recuperando-se graças a ajuda dos amigos. Cartola já tinha feito belas canções e, assim como seu fiel e não menos boêmio amigo, o também sambista Noel Rosa, vendeu muitos no início da carreira. O primeiro deles foi Que infeliz sorte, de 1927, vendido por trezentos contos de réis e gravado por, nada menos que Francisco Alves. A riqueza de suas poesias e a quantidade de músicas produzidas surpreenderam pelo fato de Cartola ter estudado somente até completar o curso primário. Nunca conseguiu se integrar ao mercado de trabalho, passando a sua vida fazendo bicos como pedreiro, pintor de paredes, lavador de carros, vigia de prédio e contínuo de repartição pública. Na década de 1920 os blocos de carnaval resolveram se organizar na forma de sociedades permanentes. Ismael Silva fundou, no Estácio, uma associação que se autodenominou Escola de Samba, a Deixa Falar. Em 28 de Abril de 1928, Cartola e mais sete amigos, dentre eles Heitor dos Prazeres, reuniram-se na casa do Euclides da Joana Velha, na favela da Mangueira, e resolveram juntar os blocos carnavalescos do morro, nascendo, assim, a Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. A escolha das cores e o nome da escola são atribuídos a Cartola e já no primeiro desfile, com o samba enredo "Chega de Demanda" de Cartola, a Mangueira ganhou seu primeiro prêmio de carnaval, no desfile realizado, na época, na Praça Onze. Cartola seguiu como diretor de harmonia e como um dos compositores da escola, dedicando a isso boa parte de sua vida. Seus sambas foram gravados por vários cantores da década de 1930. Em 1940, participou de gravações com vários músicos brasileiros tais como: Pixinguinha, João da Baiana, Donga, Jararaca, Zé da Zilda e outros, a bordo do navio "Uruguai". Estas gravações compunham um projeto do maestro americano Leopold Stokowski e foram lançadas nos Estados Unidos em 1946, numa coletânea intitulada "Native Brazilian Music". Por volta dos anos 50 Cartola ficou viúvo e contraiu meningite. Na ocasião não morava mais na sua querida Mangueira, sendo encontrado por Sérgio Porto lavando carros e trabalhando num posto de gasolina nas madrugadas de Ipanema. Sérgio resolveu, então, relançá-lo como cantor e compositor.
Em 1952, curado da meningite, voltou a viver no morro da Mangueira e iniciou o namoro com a também viúva dona Euzébia Silva do Nascimento, a famosa Dona Zica - cunhada de Carlos Cachaça. Cartola e Dona Zica casaram-se depois de doze anos juntos, em 1964 e, como nos contos, viveram felizes para sempre, até a morte dele em 30 de novembro de 1980.
Foi ao lado de Dona Zica que Cartola compôs "As Rosas não Falam", "Nós Dois" (dois dias antes do casamento deles), "Tive Sim" e "O sol Nascerá" (parceria com Elton Medeiros e gravada na voz de Nara Leão).
Foi somente em 1974, já aos 65 anos, que gravou seu primeiro disco, Cartola, produzido por Marcus Pereira. Apesar do grande sucesso de seus sambas, Cartola morreu pobre, em uma casa doada pela prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.
Muitas homenagens póstumas foram prestadas a Cartola por artistas como Beth Carvalho, Alcione, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Leny Andrade, Cazuza, Marisa Monte e outros. São de Cartola grandes sucessos como "As Rosas Não Falam", "O Mundo é um Moinho", "Ensaboa Mulata", "O Sol Nascerá", "Cordas de Aço", "Preciso Me Encontrar" (música de Candeia, que ganhou gravação definitiva na voz de Cartola) e "Acontece", interpretados por Marisa Monte, Fagner e Gal Costa, ou até por roqueiros dos anos 1980.

Cartola não existiu, foi um sonho que a gente teve.
Nelson Sargento
E, em homenagem à Cartola, o Colóquio das Artes brinda a quem o visita com essa maravilha feita por Cartola, na brilhante interpretação de Beth Carvalho.
Bjs,
Lila


sábado, 4 de outubro de 2008

IRMÃO SOL E O DIA DOS ANIMAIS

Certa vez, viajava Francisco com seus irmãos quando perceberam que ao lado da estrada havia uma árvore lotada de passarinhos. Francisco disse então a seus
companheiros:
"aguardem por mim, pois preciso pregar aos meus irmãos pássaros". Os pássaros, atraídos pelo som de sua voz, cercaram-no e nenhum deles voou enquanto Francisco falava a eles. O "poverello" ou o "pobrezinho de Assis", como Francisco era chamado, foi um ser iluminado, criatura de paz e de bem, terno, gentil e amoroso. Amava toda a natureza e os animais, que tinham dele especial atenção. Era um poeta que cantava o Sol, a Lua e as Estrelas e sua alegria e simplicidade lhe granjearam tamanha estima e simpatia que fizeram dele uma das criaturas de Deus mais populares dos nossos dias. Por sua defesa e integração com a natureza ficou conhecido como o protetor dos animais e, em 1979, foi proclamado pelo Papa João Paulo II como o "Santo Patrono da Ecologia".
"Todas as coisas da criação são filhos do Pai e irmãos do homem... Deus quer que ajudemos aos animais, se necessitam de ajuda. Toda criatura em desgraça tem o mesmo direito a ser protegida." - Palavras atribuídas a São Francisco de Assis.

São Francisco de Assis pregava mais fidelidade ao evangelho, optando pelo voto de pobreza que, mais tarde, caracterizaria a Ordem Franciscana. Dedicou sua vida à idéia de uma irmandade que integrasse todos os homens, a natureza e os animais, mas não pretendia ser seguido em sua escolha de vida despojada. No entanto, acabou aceitando a criação natural da Ordem Franciscana, que completa, em 2008, 800 anos de existência. Ele dizia que queria seguir os passos de Jesus pelo voto de pobreza, pois o Cristo foi pobre enquanto esteve entre nós.

São Francisco morreu em 04 de outubro de 1225 ou 1226 e, dois anos antes de morrer, já doente e cego, escreveu o "Cântico do Irmão Sol", um louvor a todos os elementos da natureza, que o Colóquio das Artes transcreve para vocês, em celebração ao DIA MUNDIAL DOS ANIMAIS, que tanto precisam de nossa ajuda, do nosso amor, respeito e proteção.

Bjs,

Lila

Louvado seja Deus na natureza,
Mãe gloriosa e bela da Beleza,
E com todas as suas criaturas;

Pelo irmão Sol, o mais bondoso
E glorioso irmão pelas alturas,
O verdadeiro, o belo, que ilumina
Criando a pura glória - a luz do dia!

Louvado seja pelas irmãs Estrelas,
Pela irmã Lua que derrama o luar,
Belas, claras irmãs silenciosas
E luminosas, suspensas no ar.

Louvado seja pela irmã Nuvem que há-de Dar-nos a fina chuva que consola;
Pelo Céu azul e pela Tempestade;
Pelo irmão Vento, que rebrama e rola.

Louvado seja pela preciosa,
Bondosa água, irmã útil e bela,
Que brota humilde.
É casta e se oferece
A todo o que apetece o gosto dela.

Louvado seja pela maravilha
Que rebrilha no Lume, o irmão ardente,
Tão forte, que amanhece a noite escura,
E tão amável, que alumia a gente.

Louvado seja pelos seus amores,
Pela irmã madre Terra e seus primores,
Que nos ampara e oferta seus produtos,
Árvores, frutos, ervas, pão e flores.

Louvado seja pelos que passaram
Os tormentos do mundo dolorosos,
E, contentes, sorrindo, perdoaram;

Pela alegria dos que trabalham,
Pela morte serena dos bondosos.

Louvado seja Deus na mãe querida,
A natureza que fez bela e forte.

Louvado seja pela irmã Vida
Louvado seja pela irmã Morte.

Amém

OBS: Existe uma outra tradução do cântico, mais completa. Esta que apresento, presumo, seja uma adaptação da oração original.
Fontes:
http://sosfauna.braslink.com/sfassis.htm
http://www.saindodamatrix.com.br
http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL782695-5598,00-PADROEIRO+DA+ECOLOGIA+SAO+FRANCISCO+DE+ASSIS+LEVAVA+VIDA+DESPOJADA.html

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