segunda-feira, 29 de setembro de 2008

MACHADO DE ASSIS - 100 ANOS

Considerado, quase por unanimidade, como o maior escritor brasileiro de todos os tempos e figurando entre os grandes gênios literários do mundo, Joaquim Maria Machado de Assis chega aos 100 anos de sua partida tão atual quanto em 1908. Filho de Francisco José de Assis, um pintor de paredes descendente de escravos alforriados e de Maria Leopoldina Machado, portuguesa da ilha de São Miguel, Machado de Assis passou toda sua infância na Ladeira Nova do Livramento no Rio de Janeiro. De saúde frágil, epilético e, ainda por cima gago, sabe-se pouco de sua infância e início da juventude. Sabe-se, porém, que ficou órfão de mãe muito cedo e também perdeu a irmã mais nova para o sarampo. Não freqüentou escolas regulares, mas, em 1851 com a morte do pai, sua madrasta Maria Inês, à época morando no bairro de São Cristóvão, emprega-se como doceira em um colégio. Machadinho, como era chamado, passa então a vender doces. Nessa escola tem contato com professores e, mesmo sem ter acesso a cursos regulares, com empenho e dedicação aos estudos torna-se um dos maiores intelectuais do país. Adquiriu fluência em francês com o auxílio do forneiro da padaria de Madame Gallot e, o inglês, aprendeu por sua própria conta. Isso lhe permitiu traduzir, ainda na juventude, Victor Hugo e Edgar Allan Poe, trabalhadores do Mar e O corvo, respectivamente. Sua origem humilde não o impediu de sonhar, conseguindo trabalho como aprendiz de tipógrafo na Imprensa Oficial, cujo diretor era o romancista Manuel Antônio de Almeida. Em 1854, com 15 anos incompletos, publicou o primeiro trabalho literário, o soneto "À Ilma. Sra. D.P.J.A.", no Periódico dos Pobres, número datado de 3 de outubro de 1854. Mas, foi em 1855 sua estréia oficial na literatura com o poema "Ela", publicado na revista Marmota Fluminense. Tornou-se contista, cronista, poeta e crítico literário, sendo respeitado como intelectual, antes mesmo de se firmar como grande romancista. Em 1864 faz sua estréia em livro com Crisálidas, livro de poemas e em 1869 casa-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier. Em 1873 ingressa no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, como primeiro-oficial e, posteriormente, como servidor público, aposentando-se no cargo de diretor do Ministério da Viação e Obras Públicas. Machado de Assis foi, também, um exímio jogador de xadrez, tendo formulado problemas enxadrísticos para diversos periódicos e mesmo participado do primeiro campeonato disputado no Brasil. Em muitas de suas obras faz menções ao jogo, como, por exemplo, em Iaiá Garcia.
A chamada primeira fase de sua carreira ou, a fase Romântica, é marcada por obras tais como: Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874), Helena (1876), e Iaiá Garcia (1878), além das coletâneas de contos Contos Fluminenses (1870), Histórias da Meia Noite (1873), das coletâneas de poesias Crisálidas (1864), Falenas (1870), Americanas (1875), e das peças Os Deuses de Casaca (1866), O Protocolo (1863), Queda que as Mulheres têm para os Tolos (1864) e Quase Ministro (1864).
Em 1881 abandona, definitivamente, o romantismo e publica Memórias Póstumas de Brás Cubas, um marco do realismo no Brasil. O livro, extremamente ousado para os padrões da época, é escrito por um defunto, começando com uma dedicatória inusitada: “Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas Memórias Póstumas”. Tanto Memórias Póstumas de Brás Cubas como as demais obras de sua segunda fase, transpõem as fronteiras do realismo e escapam aos limites de todas as escolas, criando uma obra única. Como traços marcantes dessa segunda fase temos a introspecção, o humor e o pessimismo com relação à essência do homem e seu relacionamento com o mundo. Como obras principais dessa fase temos: Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904), Memorial de Aires (1908), além das coletâneas de contos Papéis Avulsos (1882), Várias Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1906), Relíquias da Casa Velha (1906), e da coletânea de poesias Ocidentais.
Suas crônicas não têm o mesmo brilho dos seus romances e contos e seus poemas têm uma diferença curiosa com o restante de sua produção literária. Na prosa Machado é contido e elegante, mas na poesia é, algumas vezes, chocante na crueza dos termos — similar talvez à de Augusto dos Anjos. Machado em suas obras interpela o leitor, ultrapassando a chamada *quarta parede, por influência de Manuel Antonio de Almeida, que já havia utilizado a técnica, bem como Miguel de Cervantes e outros autores, só que, nenhum deles, com tanta ênfase quanto Machado.
Em 1904 Machado fica viúvo e escreve um de seus melhores poemas, Carolina, em homenagem à esposa. Muito doente, solitário e triste depois da morte de Carolina, Machado de Assis também parte, em 29 de setembro de 1908, em sua casa no Cosme Velho. Nem nos últimos dias aceitou a presença de um padre que lhe tomasse a confissão.

Machado foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e seu primeiro presidente, casa esta, também chamada de Casa de Machado de Assis.


*O termo "quarta parede" é utilizado para definir a parede não existente ou "parede imaginária" entre a cena e o público. Termo usado em espetáculos teatrais onde não há interação do elenco com a platéia.


Boa Leitura!


Bjs,


Lila


Fontes: http://pt.wikipedia.org/

http://www.machadodeassis.org.br/

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O GIRASSOL



Seguindo o caminho das flores encontramos o GIRASSOL, ou helianthus annus. Trata-se de uma flor exótica, de origem americana, que foi levada para a Europa no Séc. XVI. Acredita-se que, mais precisamente, o girassol é proveniente do Perú, uma vez que foram "encontradas" por Francisco Pizarro, o conquistador do Perú, diversas imagens e objetos moldados em ouro que faziam alusão ao girassol como o "Deus Sol" da cultura Inca, que foi destruída, dizimada e massacrada pelo tal "el grande conquistador" espanhol. Mas, independente da história triste do povo Inca, o girassol, com sua cor amarelo ouro e uma certa alegria tropical, espalhou-se pelo mundo cobrindo campos, colorindo casas e inspirando obras de pintores geniais como Van Gogh. As flores representam dignidade, glória e paixão, sugerindo uma altivez que se mantém com alegria e integridade. Mas, seu simbolismo principal está ligado à lealdade e à longevidade, significando, ainda, a fama, o sucesso, a sorte e a felicidade. O girassol tem uma beleza incontestável, um caule forte e ereto e um grande valor medicinal. Sua flor, em um trabalho minucioso da natureza, é a união de centenas de outras flores miudinhas, delicamente colocadas sobre uma base circular. Seu cultivo industrial ocorreu por volta do séc. XIX pelos Russos, que perceberam a importância da utilização das sementes em óleo comestível. Adota o comportamento vegetal conhecido como heliotropismo, ou seja, "gira" o caule de modo a sempre estar com a "face" voltada para o sol. As folhas podem inibir o crescimento de plantas daninhas através do fenômeno da alelopatia. O girassol floresce durante o verão, podendo estender seu florescimento até o outono, desde que supridas as suas necessidades, que são: Sol, pouco vento, terra boa e poda das flores desvanecidas.
E, para ilustrar, trago os girassóis que foram pintados no vasinho de alumínio com a intenção de dar um toque de alegria e vida ao ambiente, renovando energias e trazendo a luz do sol para aquele que se propõe a tornar o seu, um doce e iluminado lar.
Muita paz e alegria para todos!

Bjs,

Lila
fonte:

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

TULIPAS PARA SEMPRE





















Como disse antes, esse mês é das flores. Começo pelas TULIPAS por serem flores raras e difíceis de cultivar, que guardam segredos sabe? Acho que são flores muito femininas, misteriosas como as mulheres.
Ainda é discutível a origem destas belas flores de ar elegante e sofisticado. Muito provavelmente tiveram sua origem em Constantinopla, atual Istambul, tida por alguns como a "capital da Turquia Européia". Porém, outros afirmam que é originária da China. No entanto foi na Holanda que a flor se desenvolveu e virou paixão. Seu nome tem origem na palavra persa turban (turbante) devido a sua forma, como um turbante invertido. Planta da família das Liliáceas, ela produz folhas que podem ser oblongas, ovais ou lanceoladas.
As tulipas expressam o amor perfeito, significado este que se liga à forma, na verdade um tanto indefinível, e a suas cores e elegância. São flores muito românticas e sempre que são oferecidas, são presentes diretos e perfeitos.
A tulipa traduz um papel significativo na arte e na cultura do tempo. Sua popularidade se espalhou rapidamente, particularmente nos Países Baixos, mas, nos dias atuais, elas são cultivadas em todo o mundo.
Como muitas flores, as cores diferentes das tulipas também carregam seu próprio significado.
As tulipas vermelhas são mais fortemente associadas ao amor verdadeiro, enquanto a lilás simboliza o luxo. O significado das tulipas amarelas evoluiu de representação do amor impossível para a expressão dos pensamentos e a luz do sol transmitindo prosperidade. As brancas significam uma mensagem de perdão e as tulipas coloridas, devido as vastíssimas variedades de cores, representam “olhos bonitos”.
Na hora de adquirir um vaso de tulipas naturais, prefira aquele com as flores ainda em botão. Dessa forma, você terá belas tulipas por mais tempo. Mantenha o vaso em local fresco, com boa luminosidade, mas longe de ventos e do sol forte. Outra dica interessante é colocar 1 ou 2 pedras de gelo, pela manhã e à tarde, sobre a terra do vaso, todos os dias. Assim diminui o excesso de calor.

Mas, na ausência da flor natural, apresento à vocês esse trabalho em MDF. Batizei de "Tulipas para Sempre", representadas em cores que querem, apenas, revelar a paixão pelo artesanato e expressar o sentimento de paz de quem se dedica a realização dessa tarefa tão delicada, difícil e envolvente.

Bjs e []s
Lila

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

SÓ FLORES!!


Primavera
Cecília Meireles
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais saiba seu nome, nem acredite no calendário, nem possua jardim para recebê-la. A inclinação do sol vai marcando outras sombras; e os habitantes da mata, essas criaturas naturais que ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a preparar sua vida para a primavera que chega.
Finos clarins que não ouvimos devem soar por dentro da terra, nesse mundo confidencial das raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os perfumes e a alegria de nascer, no espírito das flores.
Há bosques de rododendros que eram verdes e já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Pequenas borboletas brancas e amarelas apressam-se pelos ares, — e certamente conversam: mas tão baixinho que não se entende.
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e deserto inverno, quando as amendoeiras inauguram suas flores, alegremente, e todos os olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
Esta é uma primavera diferente, com as matas intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só os poetas, entre os humanos, sabem que uma Deusa chega, coroada de flores, com vestidos bordados de flores, com os braços carregados de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de incessante luz.
Mas é certo que a primavera chega. É certo que a vida não se esquece, e a terra maternalmente se enfeita para as festas da sua perpetuação.
Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera que desejarem, no momento que quiserem, independentes deste ritmo, desta ordem, deste movimento do céu. E os pássaros serão outros, com outros cantos e outros hábitos, — e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão nada mais com tudo aquilo que, outrora se entendeu e amou.
Enquanto há primavera, esta primavera natural, prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos novos, que dão beijinhos para o ar azul. Escutemos estas vozes que andam nas árvores, caminhemos por estas estradas que ainda conservam seus sentimentos antigos: lentamente estão sendo tecidos os manacás roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando pulquérrima, em cada coroa vermelha que desdobra. Os casulos brancos das gardênias ainda estão sendo enrolados em redor do perfume. E flores agrestes acordam com suas roupas de chita multicor.
Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura semente, ao que vem, na rotação da eternidade. Saudemos a primavera, dona da vida — e efêmera.

Texto extraído do livro "Cecília Meireles - Obra em Prosa - Volume 1", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro, 1998, pág. 366.
A partir de agora tudo "serão flores"!
Flores grandes e pequenas, vermelhas ou amarelas.
Orquídeas, lírios, Rosas, Violetas....
Todas elas reunidas para celebrar a vida, para receber
aquela que traz a luz, a cor e o aroma do campo.
Aqui no colóquio das artes também vamos
festejar a sua chegada e, no mês de setembro,
as flores, as borboletas e os passarinhos estarão
presentes para homenagear essa obra de arte da
natureza, a PRIMAVERA!!
Então, Aguardem!
[]s e Bjs,
Lila
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